Da aspereza do dia
veio o amanhecer e, junto a ele, os deveres. Obrigações. O ar da manhã tinha
cheiro de dama da noite sonolenta. Pela rua deserta o cão zombava dos postes.
Pensou na conta bancária e em como os dez mandamentos foram chauvinistas. Proferiu
um ‘fiat lux!’ irônico e inaudível. Num piscar de olhos atravessou a praça. A
mochila doía-lhe os ombros na orgia do inferno tropical. Decretou que teria seis dias de
vadiagem e um para nada mais. E pensar que nunca tinha queimado um sutiã!
Sentiu-se abominável, quase uma deusa na convivência entre os mortais.
Entretanto, pisou o ranço da sarjeta em meio a cacos de vidro. Distanciou-se
entre as ondas do asfalto quente. E foi.
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